domingo, 29 de abril de 2012

TER OU NÃO TER RAZÃO?



As pessoas reagem a tudo; identificam-se com tudo; vinculam-se a tudo. Vêem no apego uma forma romântica de viver, especialmente quando moldado por negativismo e drama. E qual é o maior drama senão o de querer ter razão? O de querer impor o próprio ponto de vista? O de sobrepujar os opostos?

A humanidade em essência é fragmentada. Cada pessoa está à parte do contexto unificado do todo. O ego, quando assume o controle, cria uma imagem de si mesmo e molda toda a sua vida de acordo com ela. Mas tal imagem é falsa, uma vez que o ego é passageiro. Mas justamente pelo surgimento dessa auto-imagem, a pessoa passa a viver de modo reativo. Isso porque o ego precisa provar que existe, pois sua segurança está na perpetuação de sua imagem.

O ato de reagir, de discutir e de impor um ponto de vista é a maneira natural da pessoa egóica manter a segurança de si mesma. O falso eu compreende que tal segurança não é absoluta, por isso não pode perder a chance de reforçá-la dia após dia, custe o que custar.

E por sua natureza segregada, o ser egóico não tem a consciência de unidade desenvolvida. Tudo é fundamentado na separação: Eu e você, meu time e o seu, o meu Deus e o seu Deus, minha religião e a sua, minha filosofia e a sua, meu país e o seu, etc, etc, etc. Deste modo, não compreendendo que não existe separação, apenas sua ilusão, o egóico é incapaz de observar; ele precisa reagir.

Mas a busca por ter razão é apenas desperdício de energia. Sua verdade não vai ser maior ou menor se outra pessoa concordar com ela. Isso é da mente, não do coração. Aquilo que temos como verdadeiro em nosso íntimo só diz respeito a nós. Cada um tem um ponto de vista, e ele não pode ser compartilhado num mundo fragmentado. Portanto, querer impor sua verdade é o ato mais inútil que uma pessoa pode fazer.

Só pode haver o compartilhamento em um mundo unificado. Só assim pode haver unidade. Num mundo segregado, temos diversos pontos de vista, e o que devemos fazer é observá-los e aceitá-los, mas não reagir a eles, não nos vincularmos a eles.

O ato de observar é o estado de pura consciência. Quem observa não toma as dores para si, não ofende e não se sente ofendido, e não se apega ao próprio ponto de vista. Em sendo apenas um ponto de vista, não há correspondência com a verdade una. Portanto não há também a necessidade de se apegar ao próprio ponto de vista.

Desapegar-se da própria verdade é um estado elevado de ser, mais próximo da total ausência de ego.

Ter ou não ter razão? Não há motivos para ter ou não razão. A vida não é uma experiência fundamentada no certo ou no errado, mas no exercício de seu estado de ser vivo. Viver é o que importa. As complicações do ego apenas tiram a experiência de viver das pessoas. A mente segue por incontáveis caminhos inúteis, não conseguindo então ver o que está diante de si: a vida.

E a vida é passageira, então por que se apegar ao seu ponto de vista? Eu prefiro é viver.

Paz, Luz e Amor a todos
Margarida

Nenhum comentário: